quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Pior Mãe do Mundo

Achei muito linda uma história, que um palestrante foi nos contar, mas não lembro de todos os detalhes, então, vou escrever uma história baseada naquela que ele nos contou.


A Pior Mãe do Mundo

Era assim, todos os dias, tinha que acordar cedo e arrumar a casa, pois se não, a mamãe xingava. Desde pequena fui ensinada, a me portar como uma princesa, mas nunca ganhava nada de mão lavada, tinha sempre que merecer. Fui uma criança muito tímida, que quando era xingada, ia correndo pro colo da mãe, nunca fui muito exagerada. Não podia sair correndo pela igreja com outras crianças, pois minha mãe dizia que era feio. Não podia ficar até muito tarde na casa das minhas amiguinhas, porque era perigoso. Lembro que ela sempre me dizia: "Eu te amo daqui até o infinito, ida e volta. Para sempre."
Na adolescência, tive minha primeira paixão, foi algo muito forte, que tocou e marcou muito meu coração. Quando contei para minha mãe, ela logo queria saber, quem seria seu futuro genro e espalhou.. vamos dizer... para toda a família que eu estava namorando. Na adolescência, tivemos nossa primeira discussão sobre uma festa, na qual eu queria muito ir e ela disse que teve um "pressentimento" ruim, no final, me tranquei no quarto, chorando feito uma maluca, até que minha amiga me liga e diz que a festa acabou porque aconteceu uma briga. Nessa mesma época, foi a época que ela mais me cobrou, tanto nos estudos como em casa, me deixou de castigo, sem Internet, sem celular, sem me comprar roupas novas... Foi a época que comecei a ficar e namorar, isso deixou tudo mais tenso. Foi a época que eu pensava "merda, porque eu nasci nessa família" ou " eu odeio minha mãe". Pois é. Pensamentos adolescentes.

Quando tinha 18 anos, decidi que sairia de casa, loucura não?! Me mudei para um apartamento junto com minha melhor amiga. Continuei tendo brigas com minha mãe, sempre por motivos bobos e sem necessidade nenhuma. Em uma dessas discussões, acabei dizendo que ela era a 'pior mãe do mundo, e que a odiava'. Foi da boca pra fora e me arrependi muito de ter dito aquilo.

Num dia voltando da casa da minha mãe, acabei conhecendo o homem que mais tarde seria meu marido, em uma praça da cidade. Começamos a conversar, marcamos encontros e começamos a namorar. O levei para conhecer minha família, no meio do jantar, minha mãe sussurrou para mim "gostei dele!", fiquei muito feliz com isso. Acabamos nos casando.

Minha mãe já estava velhinha, depois da morte de papai, ficou muito abalada, foi morar junto comigo e com meu marido. Tudo estava bem, até que ela começou a sentir uma dor estranha no lado do peito. No outro dia ela teve um enfarto e acabou indo parar no hospital. Voltei o mais rápido que pude do trabalho e quando cheguei no hospital, vi minha mãe deitada numa cama, pálida, ligada a um monte de aparelhos. Não me contive, comecei a chorar quando o médico me disse que ela não passaria daquela noite. Sentei ao seu lado e a olhei nos olhos:

- Como você está mamãe?- perguntei alisando seu rosto.

- Estou fraca...- disse ela com uma voz tão fraca, que me deu um aperto no peito- filha, me desculpe por ter sido uma mãe tão ruim.

- De onde a senhora tirou isso?

- Daquela vez que você disse que eu era a pior mãe do mundo e que me odiava. Quero que saiba que eu te amo muito e que sempre quis o seu melhor.

- Mãe, minha mamãe, aquilo eu falei totalmente da boca para fora. Você sendo a pior mãe do mundo, acabou se tornando a mais incrível e melhor mãe de todas e vou te amar para sempre.

- Vou te amar daqui até o infinito, ida e volta. Para sempre.

- Ida e volta. Para sempre.- Nós duas sorrimos e segurei sua mão com força e ela fez o mesmo, olhei em seus olhos pela última vez, ela deu um último suspiro e senti sua mão ir soltando a minha. Comecei a chorar descontrolavelmente. No outro dia ocorreu seu enterro. Mesmo depois de anos, nunca acreditei que a havia perdido.

Hoje aqui estou eu, deitada em uma maca no hospital, prestes a me tornar a pior mãe do mundo, assim como minha mãe foi para mim, quero ser exatamente igual a ela, pois sempre vou lembrar de cada detalhe de seu rosto e do jeito como cuidou de mim, até depois de adulta, ela sempre me ajudou com tudo. Espero que, onde ela estiver, que ela se orgulhe de mim. E se um dia meu filho disser que eu sou a pior mãe do mundo, irei me orgulhar e irei lembrar da mulher, que mesmo sendo a mais mandona, irritante, companheira, amiga, sensível, dedicada, controladora... mesmo sendo tudo isso e muito mais, acabou se tornando a melhor de todas. A pior mãe do mundo, no final das contas, sempre foi e sempre será a melhor mãe de todas.
*-*

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